Ainda sobre os indicadores
publicados pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos em
Portugal (ERSARP) no seu relatório anual do setor que cobre o ano de 2018,
olhámos desta feita para o Indicador Reabilitação de condutas. De acordo com a
definição constante no relatório da ERSARP, com este indicador:
"(...)
Pretende-se avaliar a existência de uma
prática continuada de reabilitação das condutas por forma a assegurar a sua gradual
renovação e uma idade média aceitável da rede.
O indicador é definido como a percentagem
média anual de condutas de adução e distribuição com idade superior a dez anos
que foram reabilitadas nos últimos cinco anos.
(...)"
Em 2018, em Portugal, registou-se
que o indicador de reabilitação de condutas foi de 0,6%/ano nas Entidades
Gestoras (EG) em baixa (simplificadamente as redes de distribuição de água nos
aglomerados populacionais) e 0,3% nas EG em Alta (simplificadamente os sistemas
que tratam da captação, tratamento, transporte até aos aglomerados
populacionais e armazenamento). Esta métrica, de acordo com os valores de
referência propostos na publicação ERSARP, tem um desempenho insatisfatório
tanto para EG em Baixa como EG em Alta:
Qualidade
do serviço
boa - [1,0;
4,0]
Qualidade
do serviço
mediana - [0,8;1,0]
ou [4,0; 20,0]
Qualidade
do serviço
insatisfatória - [0,0;
0,8]
Quando analisamos a evolução
deste indicador, verificamos também que o mesmo tem vindo a diminuir nos
últimos anos.
Verificamos ainda, quando analisamos os dados
apresentados por EG, que uma grande maioria não respondeu ao
indicador ou apresenta mesmo uma taxa de reabilitação de condutas nula, como se
pode verificar nos exemplos seguintes das zonas Norte e Centro.
Fonte: Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal | 2018 | Volume 1
Esta falta de investimento na
renovação de condutas, ao que não serão alheias as restrições orçamentais que o
país tem experimentado na última década, empurra as EG para a adoção de uma
política de gestão reativa em detrimento de uma política preventiva. Este tipo
de abordagem tem consequências na gestão eficiente e sustentável dos sistemas
de abastecimento de água com consequências, como por exemplo, no aumento das
perdas de água, que por sua vez resultam em perdas económicas e diminuem ainda
mais a capacidade de investimento das EG.
É importante alterar este
paradigma. A renovação de condutas é uma aposta na melhoria não só na qualidade
do serviço prestado, mas também no desempenho económico das EG.
Na Central Projectos reunimos
uma equipa especializada com capacidade para trabalhar em conjunto com as EG
para assistir num melhor conhecimento das suas infraestruturas (e.g. cadastro,
SIG), planos de reabilitação e planos de gestão de perdas e energia. Este tipo
de ferramentas permitem às EG uma gestão eficaz e eficiente dos seus sistemas.
B. Henriques