A utilização do vidro na construção civil apresenta grande historial, no entanto, o seu uso como material estrutural é recente e ainda pouco explorado, quando comparado com o betão armado ou com o aço. Tal deve-se à insuficiência de conhecimento acerca do comportamento deste material, à escassez de regulamentação para o seu dimensionamento, e ao receio, por parte dos engenheiros projetistas, de recorrer a um material frágil como elemento estrutural.
Atualmente encontra-se em desenvolvimento, pelo Comité Europeu de Normalização (CEN), um novo Eurocódigo, sendo este relativo a regras de projeto de elementos estruturais de vidro, a publicar a partir de 2020 de acordo com a previsão do CEN. Este novo Eurocódigo irá com certeza encorajar os projetistas a recorrer ao vidro como material estrutural.
Apesar de ainda não existir um regulamento técnico europeu, já se utiliza o vidro como material estrutural. Esta construção é baseada em estudos e testes que se têm realizado ao longo dos últimos anos, permitindo às empresas vidreiras desenvolver novos tipos de vidro, mais resistentes e com características melhoradas. Para uso estrutural destacam-se o vidro laminado e o vidro temperado, pertencentes à categoria de vidros de segurança, pois estes apresentam elevada ductilidade e resistência ao impacto, quando comparados com o vidro comum.
A utilização do vidro como material estrutural oferece inúmeras vantagens, não só a nível estético, mas também no que diz respeito à saúde ambiental. Numa sociedade em que a construção sustentável é crucial, o vidro surge como o material perfeito para a construção.
Como vantagens, o vidro é 100% reciclável, e a sua transparência possibilita a iluminação natural do interior do edificado, garantindo um comportamento térmico eficiente. Consequentemente, a utilização deste material em abundância, num edifício, permite uma elevada redução do consumo energético, uma vez que diminui significativamente a necessidade de iluminação artificial e de utilização de equipamentos mecânicos para aquecimento.
Existem tipos de vidro que permitem ampliar as vantagens enumeradas no parágrafo anterior, como por exemplo os vidros de autolimpeza, de controlo solar e de isolamento térmico reforçado, que possibilitam economia no consumo de água e um melhor aproveitamento energético.
Posto isto, do leque de materiais que podem ser utilizados na construção, o vidro é o que melhor responde aos desafios que surgem quando se fala em construção sustentável. Cabe ao projetista a escolha do tipo de vidro adequado a cada projeto, tendo em conta as suas diferentes características e as necessidades associadas a cada construção.
Na Central Projectos procuramos manter-nos atualizados relativamente à evolução dos materiais de construção e das técnicas construtivas aplicadas a nível mundial, estando neste momento a desenvolver um projeto que tira partido do vidro como material estrutural.
R. Maneira
Museu Van Gogh | Fonte: ArchDaily