Num mundo cada vez mais globalizado, mas com os meios de comunicação
(tradicionais) a darem relevância a notícias que muitas vezes não
mereciam qualquer relevo, um acontecimento que deveria ter marcado a
atenção mediática não obteve o devido destaque: o acidente de trabalho
na construção de hotel no Camboja.
No município costeiro de Kep, a cerca de 160 quilómetros a sudoeste da
capital Phnom Penh, ocorreu na tarde de sexta-feira - 3 de janeiro - o
desabamento de um prédio em construção, tendo morrido, pelo menos, 36
pessoas, registando-se ainda 23 feridos. Todas as vítimas eram
trabalhadores e familiares destes.
O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, referiu que se trata de "uma
nova tragédia" e prometeu às famílias das vítimas uma indemnização de
50.000 dólares por cada pessoa morta e 20.000 dólares para cada ferido. O
chefe do Governo acrescentou que o responsável da obra também morreu no
desabamento e que o proprietário do imóvel foi detido.
Há cerca de meio ano já tinha ocorrido um acidente similar em
Sihanoukville com o colapso da estrutura em construção a originar a
morte de 28 trabalhadores.
Atualmente, no Camboja, regista-se um "boom" na construção, nomeadamente
de hotéis, arranha-céus e casinos, que são construídos em condições de
segurança pouco rigorosas.
As associações de defesa dos direitos dos trabalhadores referem que os
padrões de segurança são pouco elevados, aumentando os riscos de
acidentes e, em muitos casos, os locais de construção servem igualmente
de habitação aos trabalhadores e suas famílias.
P. Palhinha